25.12.04

Missiva à 2:

Hoje, dia 25 de Dezembro, o centralizador sócio-temporal que é o Natal afastou de Vossa programação (2:) a série de culto que está a sete palmos de terra. Hoje, em virtude de tal supressão, a noite de quem, como eu, apaixonada e anonimamente segue venturas e desventuras das personas que interagem na série em questão, é necessariamente agredida.

Pela conjuntura, dir-me-ão, imposição do calendário e do ar de entrosamento temático a veicular. Para quê e para quem?

Já agora - e porque não é todos os dias que se cumpre ou se pode cumprir a comunicação de mim enquanto espectador e de vós enquanto entidade transmissora - lamentar a passagem da RTP2 para 2:, na medida do notório incremento da insultuosa marginalização do que os baldes de merda da dominação de shares e prime-times (desculpem-me mas não possuo para eles melhor designação) convencionam apelidar de minorias, elites e outras abstracções, para mais facilmente nos reduzir a seus intentos massificadores.

Pois, uma vez mais houve que dar um ar de abertura à sociedade civil, concretizando sobretudo parcerias de tédio e alienação mental, brincando também aos horários (por que diabo se muda o esquema geral 'série-23h' - 'filme-24h'?), às repetições de fastio (a Sabrina já enjoa) e a debatezinhos para fomentar a depressão de quem, querendo arejar um pouco liga a televisão ainda crente de que, na 2, poderá estar a dar algo de jeito. Porque não apostar em generalizar o melhor que já fizeram (entre o 'Serviço Público', animação e ciclos de cinema, documentários e videoclips...) e divulgar efectivamente novos e interessantes conteúdos (tanto devir indie para ser passado..)...

Enfim, longa vai já a minha missiva; essencialmente, a ideia de que, por detrás de audiências, existem pessoas. Apesar deste pequeno revés natalício em meu hábito (uma boa série-um bom hábito), bem hajam os que entre vós (talvez tu, a ou o que me lês) ainda lutam por um pouco de qualidade e diversidade na televisão pública portuguesa. Porque só assim, nessa labuta, esta se pode aproximar de um ser de todos e de cada um.


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