30.12.04

2004

E lá se foi meu ano transcrito, comunicado nestas instâncias.

Podia (e cheguei a ponderar fazê-lo) aparecer aqui com um elenco do som que marcou meu ano, dos livros e autores que o pautaram, acontecimentos, recuos e avanços no calendário inscritos neste peculiar período que dinamizaram ou estancaram tendências, andanças, lateralidades.

Podia (e parto a ponderar fazê-lo) compilar, sintetizar análises, meditações, reflexões sob e sobre os aproximados 365 dias e as 6 horas existencialmente afectas ao tal ano da graça e da desgraça que se encaminha para o final.

Podia (mas como fazê-lo?) traçar e apontar caminhos para o futuro, o que se segue, o próximo ciclo, o assim sucessiva ou não sucessivamente.

Conforme essa memória de infância que na tv tomava o nome de Rua Sésamo,

Podia, podia...mas não ia dar...Quem é que martelava?

Enfim, rumo ao Alto Minho Vos deixo com o que podia, talvez esperando na volta um efectivamente poder: ser.


Aquele Abraço e Até Já



25.12.04

Missiva à 2:

Hoje, dia 25 de Dezembro, o centralizador sócio-temporal que é o Natal afastou de Vossa programação (2:) a série de culto que está a sete palmos de terra. Hoje, em virtude de tal supressão, a noite de quem, como eu, apaixonada e anonimamente segue venturas e desventuras das personas que interagem na série em questão, é necessariamente agredida.

Pela conjuntura, dir-me-ão, imposição do calendário e do ar de entrosamento temático a veicular. Para quê e para quem?

Já agora - e porque não é todos os dias que se cumpre ou se pode cumprir a comunicação de mim enquanto espectador e de vós enquanto entidade transmissora - lamentar a passagem da RTP2 para 2:, na medida do notório incremento da insultuosa marginalização do que os baldes de merda da dominação de shares e prime-times (desculpem-me mas não possuo para eles melhor designação) convencionam apelidar de minorias, elites e outras abstracções, para mais facilmente nos reduzir a seus intentos massificadores.

Pois, uma vez mais houve que dar um ar de abertura à sociedade civil, concretizando sobretudo parcerias de tédio e alienação mental, brincando também aos horários (por que diabo se muda o esquema geral 'série-23h' - 'filme-24h'?), às repetições de fastio (a Sabrina já enjoa) e a debatezinhos para fomentar a depressão de quem, querendo arejar um pouco liga a televisão ainda crente de que, na 2, poderá estar a dar algo de jeito. Porque não apostar em generalizar o melhor que já fizeram (entre o 'Serviço Público', animação e ciclos de cinema, documentários e videoclips...) e divulgar efectivamente novos e interessantes conteúdos (tanto devir indie para ser passado..)...

Enfim, longa vai já a minha missiva; essencialmente, a ideia de que, por detrás de audiências, existem pessoas. Apesar deste pequeno revés natalício em meu hábito (uma boa série-um bom hábito), bem hajam os que entre vós (talvez tu, a ou o que me lês) ainda lutam por um pouco de qualidade e diversidade na televisão pública portuguesa. Porque só assim, nessa labuta, esta se pode aproximar de um ser de todos e de cada um.


Natal: a vida é um cristal de luz na teia ao entardecer


22.12.04

Ilusão de um caminho caminhado imigrante (Vocal invocação de um exercício de vida)

- É do tipo tentação
- Força desviante
- Outra condução
De um sim ou não, atenuante.

Como sempre
A dicotomia contra está:
Contrasta com o que é [mas não de facto (isso é o que há)].


13.12.04

Arcueid Brunestud





(in Shingetsutan Tsukihime, episódio 6)

12.12.04

Hip-Hop escrito para ser dito (Continuação do sumário anterior: a letra como trave-mestra de cerimónias)

Continua por fazer o requerimento e de pé vai escrevendo não importa o quê
Continua adiando o momento e tratando-me por tu enquanto pensa nos termos de você
Continua repetindo velhos truques e esticando peles velhas peles podres de batuques desgarrados
Continua o argumento e o real que é percebido num gesto a ser temido pelas cenas dos telhados
Continua que a estrofe que se segue nunca cegará, pela diligência entreposta ultrapassada a latência dos sentidos
Descolados os umbigos
Manifestos os amigos
Corajosos destemidos

Aquele abraço pois para todos vós
Que destrinçam o que interessa no meio de pós
Seculares, secas monumentais

O que se disse de continuar era o primeiro milho p'lo que prós pardais.



(Tum tupac tupac tupac Tumtumtumtum tupac tupac tupac
Alor
Tum tupac tupac tupac Tumtumtumtum tupac tupac tupac)







5.12.04

Cotando-se um Par de Imagens a Cerca de 1000 Palavras Cada: Da Iniquidade via Gnose ao Alçapão da ProS.A. em 2000 Palavras

Muitas luas depois, vidas de homens até

Roídas pelo tempo que por todo o lugar é

Escritas e inscritas numa profissão, a fé

Num banco de iniquidade a lei sentada como ré.

Para quem tudo - o mais e o menos - se dispõe

Ou se resolve ou se esquece ou se compõe

A prisão que é a forma crua nua ou vestida frita

De um fiapo desvelado, calcado por pés escondidos em sapatos bonitos ou remendados e aflitos

(Quando um mero calcante nos prova a distância da proximidade
A garantia de qualidade e única verdade para consumo próprio
Tem a validade de em si a saudade do fumante de ópio
Se haver escrita e inscrita num coração impuro
Numa recordação de rasgar as calças a saltar um muro)

Fica-se por aqui, aos gritos

Passado ou não, mimético alçapão

Do autor a pena e a mão.