30.12.04

2004

E lá se foi meu ano transcrito, comunicado nestas instâncias.

Podia (e cheguei a ponderar fazê-lo) aparecer aqui com um elenco do som que marcou meu ano, dos livros e autores que o pautaram, acontecimentos, recuos e avanços no calendário inscritos neste peculiar período que dinamizaram ou estancaram tendências, andanças, lateralidades.

Podia (e parto a ponderar fazê-lo) compilar, sintetizar análises, meditações, reflexões sob e sobre os aproximados 365 dias e as 6 horas existencialmente afectas ao tal ano da graça e da desgraça que se encaminha para o final.

Podia (mas como fazê-lo?) traçar e apontar caminhos para o futuro, o que se segue, o próximo ciclo, o assim sucessiva ou não sucessivamente.

Conforme essa memória de infância que na tv tomava o nome de Rua Sésamo,

Podia, podia...mas não ia dar...Quem é que martelava?

Enfim, rumo ao Alto Minho Vos deixo com o que podia, talvez esperando na volta um efectivamente poder: ser.


Aquele Abraço e Até Já



25.12.04

Missiva à 2:

Hoje, dia 25 de Dezembro, o centralizador sócio-temporal que é o Natal afastou de Vossa programação (2:) a série de culto que está a sete palmos de terra. Hoje, em virtude de tal supressão, a noite de quem, como eu, apaixonada e anonimamente segue venturas e desventuras das personas que interagem na série em questão, é necessariamente agredida.

Pela conjuntura, dir-me-ão, imposição do calendário e do ar de entrosamento temático a veicular. Para quê e para quem?

Já agora - e porque não é todos os dias que se cumpre ou se pode cumprir a comunicação de mim enquanto espectador e de vós enquanto entidade transmissora - lamentar a passagem da RTP2 para 2:, na medida do notório incremento da insultuosa marginalização do que os baldes de merda da dominação de shares e prime-times (desculpem-me mas não possuo para eles melhor designação) convencionam apelidar de minorias, elites e outras abstracções, para mais facilmente nos reduzir a seus intentos massificadores.

Pois, uma vez mais houve que dar um ar de abertura à sociedade civil, concretizando sobretudo parcerias de tédio e alienação mental, brincando também aos horários (por que diabo se muda o esquema geral 'série-23h' - 'filme-24h'?), às repetições de fastio (a Sabrina já enjoa) e a debatezinhos para fomentar a depressão de quem, querendo arejar um pouco liga a televisão ainda crente de que, na 2, poderá estar a dar algo de jeito. Porque não apostar em generalizar o melhor que já fizeram (entre o 'Serviço Público', animação e ciclos de cinema, documentários e videoclips...) e divulgar efectivamente novos e interessantes conteúdos (tanto devir indie para ser passado..)...

Enfim, longa vai já a minha missiva; essencialmente, a ideia de que, por detrás de audiências, existem pessoas. Apesar deste pequeno revés natalício em meu hábito (uma boa série-um bom hábito), bem hajam os que entre vós (talvez tu, a ou o que me lês) ainda lutam por um pouco de qualidade e diversidade na televisão pública portuguesa. Porque só assim, nessa labuta, esta se pode aproximar de um ser de todos e de cada um.


Natal: a vida é um cristal de luz na teia ao entardecer


22.12.04

Ilusão de um caminho caminhado imigrante (Vocal invocação de um exercício de vida)

- É do tipo tentação
- Força desviante
- Outra condução
De um sim ou não, atenuante.

Como sempre
A dicotomia contra está:
Contrasta com o que é [mas não de facto (isso é o que há)].


13.12.04

Arcueid Brunestud





(in Shingetsutan Tsukihime, episódio 6)

12.12.04

Hip-Hop escrito para ser dito (Continuação do sumário anterior: a letra como trave-mestra de cerimónias)

Continua por fazer o requerimento e de pé vai escrevendo não importa o quê
Continua adiando o momento e tratando-me por tu enquanto pensa nos termos de você
Continua repetindo velhos truques e esticando peles velhas peles podres de batuques desgarrados
Continua o argumento e o real que é percebido num gesto a ser temido pelas cenas dos telhados
Continua que a estrofe que se segue nunca cegará, pela diligência entreposta ultrapassada a latência dos sentidos
Descolados os umbigos
Manifestos os amigos
Corajosos destemidos

Aquele abraço pois para todos vós
Que destrinçam o que interessa no meio de pós
Seculares, secas monumentais

O que se disse de continuar era o primeiro milho p'lo que prós pardais.



(Tum tupac tupac tupac Tumtumtumtum tupac tupac tupac
Alor
Tum tupac tupac tupac Tumtumtumtum tupac tupac tupac)







5.12.04

Cotando-se um Par de Imagens a Cerca de 1000 Palavras Cada: Da Iniquidade via Gnose ao Alçapão da ProS.A. em 2000 Palavras

Muitas luas depois, vidas de homens até

Roídas pelo tempo que por todo o lugar é

Escritas e inscritas numa profissão, a fé

Num banco de iniquidade a lei sentada como ré.

Para quem tudo - o mais e o menos - se dispõe

Ou se resolve ou se esquece ou se compõe

A prisão que é a forma crua nua ou vestida frita

De um fiapo desvelado, calcado por pés escondidos em sapatos bonitos ou remendados e aflitos

(Quando um mero calcante nos prova a distância da proximidade
A garantia de qualidade e única verdade para consumo próprio
Tem a validade de em si a saudade do fumante de ópio
Se haver escrita e inscrita num coração impuro
Numa recordação de rasgar as calças a saltar um muro)

Fica-se por aqui, aos gritos

Passado ou não, mimético alçapão

Do autor a pena e a mão.


4.10.04

Assim fotografar: desencarnação primeiro, primeira intenção depois

No telhado, a poente, a desencarnação interrompe a urgente fotografia do nunca por demais apreendido Pôr-do-Sol; interposta, desviante, a desencarnação é a vida flagrante, a que sempre se mostra fracturante. Exotelus, perante a imagem estrutural assim nomeio o falecido ente.

Assim, o motor da execução fotográfica, a primeira intenção, veio depois. Depois.

O fio no Horizonte, "o clássico olhar para o sempre novo por definição" seguiu o pulsar desencarnado, assim desordenado foram realmente outros os sentidos de unicidade intuídos.

Sem pruridos oratórios, que vedes neste par de reflexividades elementares?

Fotografar: desencarnação primeiro, primeira intenção depois

Tão telúrica como exógena, à desencarnação no telhado, a poente, naturalmente chamo Exotelus.

Antes das nuvens flamejantes de um Sol dizendo até já, Nele tomei do tempo de interiorizar reflectindo, a importância de contra-correr ensinada pelo devir-ele-próprio.

Enfim, a intenção primeira visava o fio no Horizonte. Irupção exotélica processada, tudo acaba por fluir concorrentemente, claro, claro. A relevância de fotografar ensinada pelo devir-ele-próprio; se quiseres, as texturas imagéticas falam por si e eu adorno-as simplesmente com vidrinhos nova-idade :-)

3.10.04

Afirmação e um par de conselhos para a constatação de uns quantos velhos (Alor cumprimenta Pedro Absinto e Miguel Deutero)



Ruptura, assim como esta palavra feia, dura
Alguns tomam a vida, escura.

O fino e o fraco de forma, recorda, pode ser o forte e resplandecente de substância;
Acorda! Verifica a impedância em ti, se a corrente é morna não adormeças a distância..

Sem delongas produz-se o manifesto, sinónimo lesto de oferenda
Nos trajes e vestes as penas e lendas são lidas, nunca te arrependas, não leias sofridas.

A leis, regras, normas e protocolos
A reis, segas, formas e arraiolos:
Haveis, megas, or as and tijolos
Feito da minha casa um ninho de tolos.

26.9.04

Question Mark

Um canto superiormente esquerdo, afecto a um mundo que tarda em ser santo-de-Paz (celeste), no tipo de miragem re-contextualizadora de insignificâncias próprias. É um recortezinho encabeçado por essa lateralizada (hoi polloi) questão deveras pertinente, o diminuto tamanho da imagem (real) sendo sempre inversamente proporcional à grandeza da cidade (sonhada).

Essencialmente, creio (eis o que creio), há um problema de expressão.

E por isso se escreve; por isso escrevo:

Que possas um dia sorrir, Jerusalém.

13.9.04

Pragmatismo de bola

Visionada a primeira metade do desafio e ouvidos um par de minutos do último quarto da segunda, a conclusão a tirar do Vitória de Setúbal 2 - Sporting 0 é objectiva, clara e cristalina. A prévia declaração de intenções de Jê Couceiro foi uma constante material e efectiva da partida; à distância destas linhas posto o que passou pelas quatro essenciais do Bonfim, os termos do treinador sadino a que aludi em "Tautologia" parecem-me tão mais acertados..Afinal, à inversa imagem da lei percebida pelo sátrapa Pimenta Machado no futebol português, ontem era mentira, hoje é verdade (embora de bestas a bestiais - para, já agora, esmiuçar mais uma expressão do pédebola nacional - a diferença seja quase nula).

Enfim, duas bolas a zero para os da casa. Houve golos e houve justiça, não há bodes expiatórios, apenas leituras críticas das opções tácticas e afins de Jê Peseiro e aplausos para Jê Couceiro. A esperança no jogo reside mesmo é neste tipo de contundências - tipos golos, justiça e personas sub-40 sagazes ao leme, bem entendido.

Quanto ao Sporting, depois da alegria de grande parte do primeiro duelo em Alvalade ante o Gil, parece haver ocorrido uma mutação gigantesca, abissal. Nada mais recorrente, simples até: chama-se inconstância. É sempre bom lembrar o quanta sopa de grão e broa têm que comer os indivíduos-jogadores-e-seus gurus até se constituirem como equipa digna do nome colectivo. Para Miguel Garcia e Hugo, a observação-participante no campo terá que se transferir para a bancada, não?


São lições a verde e branco, senhor, ministradas pelas proletárias listas verticais às burguesas horizontais - «achega verborróide your bourgeious ass!», diz-me muito acertadamente o (pós-tautológico) pragmático Couceiro. Para mais tarde recordar, tarã!

11.9.04

Recorte de bola

No país de poetas e filósofos de algibeiras
Proxenetas e opiófilos deitados em esteiras
Vêem a bola na sagrada comunhão de «só o árbitro não viu 'aquela mão'!».

Tautologia de bola

Noticia o Diário Digital:

José Couceiro e o jogo com o Sporting: «Vai ter golos»

Isto porque, depreende-se, jogar para zeros-zeros frente às equipas aglutinadoras de massas e ma$$a$ é coisa do passado,

«a fase das equipas pequenas que jogam fechadas frente aos grandes já passou».

Em suma, prossegue esta curiosa personagem da bola-no-pé nativa cujos créditos enquanto novo treinador (na senda do que a afirmação-bula de Jê Mourinho-em-si-próprio é feita ditar acerca das possibilidades de regeneração da modalidade tendo por base treinadores com menos de 40 anos apostados em surpreender vencendo e imperializando suas personas) se matizarão firmados ou se defraudarão, humilhados, posta esta época ao comando do Vitória de Setúbal (o benefício da dúvida, pois, que se segue ao Alverca):


«Em qualquer jogo um bom resultado é ganhar e portanto o Vitória quer ganhar. Mas, antes do jogo, posso dizer que um bom resultado é ganhar. Todavia, depois, posso achar que o empate foi um bom resultado. Tudo depende do jogo!»


À inconsequência da maior parte dos discursos das figuras que protagonizam a "Superliga Galp Energia" (ainda não consegui deixar de rir a pronunciar esta peculiar e pimba engenharia nominal tomada como designação do principal campeonato - se ao menos fosse a "Superliga Raivas Carlitos"...), acrescenta Couceiro mais uma achega verborróide...

Se no capítulo formal da perspectiva transpirada para imprensas e adeptos o riso continua a ser o melhor remédio, a ver vamos em campo. A seguir, portanto, atentamente, Domingo, Vitória de Setúbal - Sporting, mais a mais porque no banco leonino se senta esse outro sub-50 vindo das galáxias de Madrid para cultivar o espectáculo verde-e-branco horizontalmente listado, Jê Peseiro.

À tautologia da bola retornarei então, quem sabe que ilações caberão na 'relvadinha' que o Bonfim irá receber? Há uns anos, quando não havia galácticos mas havia os deliciosos galaks e começava a temporada e o meu preferido Krassimir Balakov resolvia uma interessante partida em Setúbal, o presidente do clube local, falando para Sousa Cintra, testa-de-ferro de então em Alvalade, disse algo como "Dê-nos o Balakov e o Setúbal será campeão"...Pérolas senhor, efectivas pérolas! Não é disto que o nosso povo gosta, camarada Perestrelo?!






10.9.04

Forma, sensação extranhada na quadra enviada


Deve ser porque não estou habituado, tal forma é-me estranha como ver-me sepultado
A sensação é de «esclarecido por oposição a turvado»
E fala-nos do futuro do passado visto vertebrado sem saber ler nem escrever
Tipo de coisa extranhada para ser e acontecer;

Na quadra o quadrado e neste o gume afiado do dedilhar alucinado
A bissectriz talhada - a talhe de foice - na primazia enviada
Pelo telúrico representante (via, a via é, i.e. :)
«Se te disser vulgar tu lerás diamante».


* Shape: "We Shape Our Selves. Wanting to Belong. We are Already One.", 2003, Deborah S. Whitman
** Feeling:"Feeling Life", Janette K. Hopper
*** Exo (born): "uurrraauaahhhgg", Exo, http://tabulas.com/~exo

24.8.04

A Promessa

Muita água correu debaixo de pontes e pontões, muito se passou já debaixo deste Sol desde que a Ouroboros Party Um tomou lugar. Notas dispersas, aqui e acolá pontuadas por fotografias, aguardam comunicação nesta morada, postas as impossibilidades associadas à tradução face à reflexividade da vida.

Assim, tão só a promessa de não deixar partir este fio, de voltar para Vos trazer algo de meus papéis e recortes. Talvez precise ainda de um pouco mais de ar, de maresia, de suor libertado, de emancipação de dia. De qualquer modo, eleita a paciência como a adjectivação do instante: Até Já..


21.7.04

Diagnose

 
 
"Morra marta, morra farta"
Quem sou não se atreve a questioná-lo.
O saber de experiência feito, essa agora,
Está imune ao defeito que em má hora - agora - aflora.
 
Acelera-se o batimento quando à vista se depara um pavimento, ruína ignara em testamento legada.
Reduz-se o pensamento quando ao Marquês se depara um movimento, elaboração audaciosa de quem nada em sofrimento.
 
História, por amor do Homem, a memória é curta mas possui perna longa
Conquanto uma esteticamente perfeita rasteira se pretenda aplicar
Na serra ou perto do mar; qualquer que seja a terra, vale a pena penar. 
 

20.7.04

Ouço Indie e Vejo Luz no Vértice da Rima

 
  
Passaram mais de 30 minutos e a batuta foi entregue ao Maestro Echoplex, abençoada indie melodia que aplaca a angústia de buscar imagens sem saber seu nome.

 

Enfim, a cor possível surge-me neste 'Circle of Light' fotografado por Keith Suddaby.   Do que se trata, é de um nome que parece uma doença, agora que a música se extinguiu e outros sons se constituem em meu fundo. A  catarse ocular, portanto,  o entreposto de situação comunicado. 
 
 

Mas porque me é particularmente penosa a ideia de abandonar esta ameia
Sem uma derivação sequer
Ouso entre vós marido e mulher agitar a colher do café
Tal qual os primos clamando que a Zé cheirava imenso a rapé.
Só isto, que diabo, exige uma renda.
Pague-a o Luís da fazenda com filosofias baratas
Para serem muitas as actas:
Que bom que é pesquisar no arquivo -
Um momentinho ou o que é que eu digo -
Nem por sombras, senhor, olhar para o umbigo eu?
"No vértice da rima a sublevação espícula
Derrete a canícula
E o que faz, não olhes, atrás de ti está o réu
Pronto a comer o chapéu
Por tantas e tantas chuvas acidulado...
Foi tempo a mais pisando um chão acimentado".

19.7.04

Introdução à Psicoactividade Substancial enquanto Entoar Não-a:normal

 
 
I
 
O som de uma impressora, diligente, irradiado sobre um espaço pontuado
(de outros pontos ou paragens), novas de choro derramado.
Leio, leio-as decorrentemente enquanto me curvo em vénias mil sob um passado
De símbolos e interpretações bem mais que feito. Ado. Ado simplesmente
Para teu deleite, incoerente pedra e como tal não-lapidável
Incrustação. Não, natural não, não não não não.
Deixe-se de lado a oposição que nos consome
Pelo som que nos tome e nos tomando soletre
«Something like a kind of "can't expect"»  
OM vezes OM até OM serMOs.
 
 
II
 
Num contexto ritual de alfaite descuidado
As caixas de uma só cor cumprem uma eficácia processual.

São maravilhosas peças do Nepal
Que aqui temos, atenção
Não vás julgar o ente p'lausência de mão.
 
 
 

8.7.04

Signo



(...) (...) (...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)(...)

No dia em que pela primeira vez percebo uma Figueira na Foz, inspiro imensidão.


:01-07-04:

6.7.04

Raiva de Raivas

Nunca mais quero ver aquelas bolachas (logo as raivas que há tanto tempo procurava e finalmente havia adquirido numa pastelaria de entardeceres comuns) à minha frente, exclamou visivelmente desnorteada. Os olhos de súbito vítreos sugeriam um imenso reduto de dor, mas nada consegui acrescentar, porque nada me parecia a propósito, nada dispunha de sentido naquele segundo em que se me pedia uma reacção manifesta e não a aburguesada latência do exercício da reflexão mental. Desatou num choro convulso (esse universal mecanismo de dissipação energética, acrescenta alguém a meio tom da tribuna existencial) e desfaleceu sem mim, entretecido a ruminar considerações sobre o carácter insultuoso de apelidar raivas de bolachas.
Permaneci latente e a passagem do tempo perdeu a forma maquinal, a merda do medo de representar toldou-me a íntegra dos sentidos da materialidade...Se tudo se me afigurava claro enquanto peça conceptual noutro plano decorrente, a impossibilidade do imediato, qual estanque definição, ditou que nunca mais nos víssemos.


Ask to Reply


- How can I bear logic pods and jump towards a state of non-gravity existence?
- Well, sometimes one takes the lead although the clearest perspective of fall which accomplishes it.

30.6.04

Preguiça falecida à beira de uma pateira de excessiva coerência


A racionalidade prática é - não nos engasgue - uma fantasmática
Metáfora desprovida de belezas de cortar respirações.
Sempre que me sinto deprimido, sabe-me até ao tutano proferir-lhe um louvor:
Acreditar que na verdade desagravo um nada que seja, sendo amor num cinto fivelado de sobeja.


29.6.04

O que sinto quando caminho até Maya

Fitas de prata sobrevoando um espaço de defumação
Anunciam a chegada de um messias relativo.
Um ruído persistindo na escuridão, também ela relativa,
Faz deste motivo o mais absoluto quadro desta vida.
Passo a explicar: tendo fixado residência num posto de contemplação
Eis-me quase estendido, à força de olhar acometido.
Dura a prova (Sê-de ova num oceano de peixes maduros
Quando tudo desabar erguer-te será inspirar de novo) pelo sentido colectivo travada
É como se, de repente, uma enxada te caísse - memorável o estrépito -
E uma porta se abrisse para um campo infinito.
Simples, de facto, tudo parece claro até à contradição primeira.
Qual quê, então as sementes, as peneiras, os arados
A perda das estribeiras em fardos equivocados,
A colheita, o suor da intempérie pode em escorreita letra
Ilustrar aquela mesma mentira abjecta?
Tome-se a crença, por exemplo, sem querer ser pedagogo
De pinça armado para destrinçar o acesso ao Todo.
Transpira ou não a abstracção de um inclemente astro?
Maya ilusão, intuição sem rasto.

28.6.04

Quatro sentidos para um poema




Invocação

Olhada de longe
A vila fonte serpenteia por entre vales
Despido o monge
Do hábito o rio quer mesmo que fales:
Fotografa o instante como um mantra
Torna trovoadas paz
Conquista-se o que se canta pelo bem que faz...

Objectividade

Em suma a consciência dita sem ditar
(Ditado é coisa tida por lugar passado)
Se o xaile sobre os ombros e aqueles ditongos
Nasalados caminham no ouvinte até ao fim de si;
Bem mais do que evidente é se ninguém se ri.


Subjectividade

Penas tidas ou mantidas não podem ser alegações
Numa tribuna insinuada por montes e montes
Quantas as emoções dedicadas a parir pontes
Dissipadas, as humidades das monções mais entranhadas.

Evocação

Paciência, assinale-se portanto e sem quebranto
O nome do visado não será mostrado.
Como se vê, na inconsequência do sigilo
A ausência de um "vacilo" conjugado.

Espera. Um tempo ainda para parar
Na expectativa, qual a próxima figura de estilo de saída?
Quem disse qualquer coisa de primeiras pedras
Dizia bispos igrejas primevas?

De seda pura tocada a palavra
Numa mão de saber a cimitarra
Empunhada é mais que tudo só uma pergunta

Pelo apelo incontrolável
A última braçada realmente dada deixa-nos
Mais longe ou até nos junta?





26.6.04

Especular

É como um grande fosso com laivos de fossa
Que apenas de olhar produz grande mossa:
Assim e agora, revelam-se-me numa pubalgia em directo
Requintes de malvadez; esmagam-me como um insecto
Sem quaisquer preces ou morais, religiões outras e tais
Afinidades relegadas para um ponto especial.
Pois, a mim só me ocorre dizer ser anormal
Toda esta verborreia servir um propósito animal...
A saber, a sanidade rimando com diarreia de verdade.
Convenhamos. Um apelido escatológico por si só é tão pueril
Como um barril sem pólvora ou um Abril com águas mil
Gaseificadas, engarrafadas sem rótulo (oh que vil torpeza)
Prontas com certeza para servir à tua mesa de descrentes.
Mostra, mostra teus maravilhosos dentes que invejo
Num daqueles sorrisos que abarcam o Tejo
Só para que um dia que seja alguém que nos veja especule.
Então e enfim, um novo chá ebulirá.

24.6.04

So be So!


So is
So be it another clay
An unknown artist of reproduction
In front of a self-simplicity
Came out - with kind - as an injection than re-conquest the satisfaction
Of...

So is
So be it, why such an easy word
Like mecanicism(?)leads to beyond infinity
Not to match a deal or two
Just - if closed - endarkned you
Lord, the entire Trinity won't solve it:

So is
So be So!
Deitado de lado numa manta de farrapos
Numa cama habitada por ausências de memória
Encontro e realizo uma metragem de desconhecida métrica
Afugentada essa outra tétrica ventura
Descura-da-a-lição como uma jura qual canção-veneno
O regular não é negado num mundo pequeno
Comportado afinal, categoria, género
De definição ou pipetada solução d'efémero.

22.6.04

Como cada interjeição é um ponto de exclamação!


Como um cavalo enrubescido
Pelo sangue feito névoa de outro tempo,
Persigo - somo e sigo - ensandecido
Sob a sombra de uma ideia de rebento...
Ai que os arquétipos se reservam o direito
A qualquer instante o intento está desfeito
Ou nada e o inverso do vazio conspirando no meu leito!

Como um estalo retorcido
Preconceito pelo leite de biberon o teu sustento
Contigo - somo e sigo - destemido
Sobre a luz de um veraz renascimento...
Oh que o que ascende não pede nenhum respeito
Antes algo lancinante laminado diamante noutro peito
Energia, mais ou menos meio dia esgotado - entropia - pé direito!

Como um remate desferido
Num campo a céu aberto mediado o provento
Entre os postes bola golo directo ou diferido
Sentes! Sabes! Velha história mito de nação e seu unguento...
Hei, a corda? Longe de atada à mente ou ao peito
Pode poder desaparecer com jeito
De quem embarga a voz: perfeito!

19.6.04

Dependências

A propósito de uma tão abrangente designação-qualificação em título avançada, a categoria cinematográfica anime. Enfim, defronte do computador e apesar do desfavorável horizonte temporal (que uma pessoa vai-se apercebendo de certos custos sociais no que a derivas nocturnas de recreação e recriação cultural diz respeito), a opção ver filme quer ser, como dizê-lo sem redundâncias esquecido, opção. Tudo isto porque ontem, o veiculador Hayao Miyazaki, na sua terceira longa-metragem que visiono [1988:Tonari no Totoro (My Neighbor Totoro)] se confirmou em mim enquanto dependência.

Assim, ainda que um hoje ao agridoce clássico de mim estilo diletante tenha protelado (curiosa etimologia latina equivalidada via dicionário a "impelir com o aguilhão") determinadas realizações escolares em falta há demasiado tempo, não só um corpo mas uma alma e um espírito clamam pela animação do mago (realizador) japonês. Compreendo, então e afirmo-a;

A opção, de volta, ganha nome e dizê-lo, não sendo preciso, implica-me neste ocular sorriso: Tenkuu no Shiro Rapyuta (Laputa: The Castle in the Sky), emanação de 1986.

Anim(a)e, dependência primeira aquela que é formulada para nova implicação. A cada incursão, supera-se a invocação pela in-vocação da superação.

Pedem-se umas linhas mais, mas não vírgula e ponto e vírgula admito.

Já que não pode ser já por questões de homeostasia, aceita pois este Até Amanhã, promessa de entrevisão.


"P.S. para um atrevimento" - De que outro modo é melhor o que fica por dizer?

"P.S. II" - P.S. quer dizer pergunta séria, não é?

"P.S. III" - Desculpa o incómodo, mas será que se me rir às gargalhadas terei uma gárgula debaixo da cama quando a ela voltar? É que me disseram um dia não haver duas sem três a fim de a excepção confirmar a regra...

9.6.04

Surreal Stress Assassin - O meu computador

Assim vou no assim vai meu computador, para o mundo desnudado:


(1º resultado de uma pesquisa google de imagens subordinada ao 'surreal stress'...Curvo-me perante a acutilância do motor de busca que me leva a www.adventistreview.org!)..Com efeito, dito sem ponta de ironia, may God bless America!


Da imagem para a palavra, no Word Gananath Obeyesekere e um dedo inquisidor mascarado de denúncia de um dedo inquisidor constitui-se como mote para um documento de texto potencial síntese crítica a apresentar na escola.

Da palavra para a música, via Winamp os Stress Assassin pautam o ritmo narrativo.

Em estreia, como não podia deixar de ser (que amargo seria este post sem uma estreia!), #surrealismo por mIRCianas águas [assim reza seu 1º tópico: 'Não, nÃo é sobre arte... e os pseudo-intelectuais não são bem-vindos! É apenas um canal... SURREAL!! (Sijlyarvs)'].

Num pirata registo, bradarão muitas virgens ofendidas, o DC++ permite-me a partilha-comunicação de texto, som, ví­deo e imagem: a entrar, Trigun, anime japonês (2000) - episódio 1; indie mp3 álbum 'Harmacy' (1996) dos Sebadoh; filme 'Det Sjunde Inseglet' (The Seventh Seal), Ingmar Bergman colheita de 1957;
a sair: filmes The Green Mile (1999) e Shrek (2001); trance álbum 'B.P.Empire' dos Infected Mushroom.

Finalmente, fecho (r)e-abertura deste cíclico instrumento, a Web:Ignoto Ego - este tempo que o Outro corre.

8.6.04

Rosas de Pedra




Ouço Rosas de Pedra e, efectivamente, ia a dizer qualquer coisa que, porém, logo se escapou qual colega a jogar à apanhada.

Assim, indo a dizer qualquer coisa especado estou por descobrir num par de carne e osso uma inversão-meteoricidade de luz; faço pois como que uma figurinha de urso e por isso petrifico. Deixo de ver, de tocar, de degustar e de cheirar. Ouço apenas as rosas que, como eu, de pedra são feitas.

1.6.04

A dança cantada de luz das borboletas de intensos tons castanhos

Numa semi-penumbra dançavam borboletas escuras, intensos tons castanhos como se para transmitir inequivocamente uma mensagem. Parei a contemplá-las e o tempo passou e a noite tornou-se total. Não me conseguia mexer, sentia-me petrificado. Continuava a ver claramente as estranhas borboletas entretanto congregadas à minha volta mas a páginas tantas, porém, esqueci-me de questionar a veracidade da cena. Então, Oh erro fatal, a queda na(o) real.

As borboletas escuras desvanecem-se (ou engrandecem-se) num feixe vertical de luz. Devido à cuidada estratégica disposição, primando sempre pela anestesiante presença - círculo protegido pelos seus próprios extraordinários poderes - estou agora rodeado de feixes luminosos que percepciono como dourados. Constato, com uma acuidade inédita para os meus padrões, que são 21 e ei-los, rostos humanos tomando a palavra:


*
* (a tanga)

1 Acção de revolta iniciada
2 Por ti entreposta e definida
3 Acção pela qual a tua vida
4 Encontra mais um tudo e mais um nada.


* (a interposição de profundis)

5 Nós somos a voz dos pregadores
6 Que a história das raízes não aflora
7 Nós vimos da Ilha dos Amores
8 Directamente teus o aqui e o agora.


* (o eterno absurdo do sentimento de posse)

9 Não penses todavia que possuis todos os dias
10 Ou os sonhos por dizer que realmente existias
11 Pois perenes ocorrências contradizem-se de facto
12 E portanto equivalem-se a uma marca de tabaco.


* (meu insuportável perfume semântico)

13 Se a semântica te interessa e te afaga nas insónias
14 É mais um a-fuga-mento que criaste nas colónias
15 Aquosas ostentadas como cheiro verdadeiro
16 Todo o outro consideras - de visco os teus lábios - estrangeiro.


* (alento = 20 valores, nada melhor do que a escala da escola para completar o que é, afinal, uma tanga de profundis absurdamente insuportáveis)

17 De nomes és feito e nomes fazes
18 Palavras de vento ou tenazes tenazes
19 Toma pois o que te aprouver oh venerando ouvinte
20 O teu respigar é de “alento vinte”;


* (a trégua final enquanto fórmula ideal)

21 Paz no fim da forma do geómetra divino.

*

Livre de novo, ascendendo do real, retomada a policromia da película. É noite sim, mas são já candeeiros, caixotes do lixo, bancos de jardim e casas ao largo de onde me encontro. As borboletas de luz maximamente concretas porque maximamente abstractas comunicaram comigo e partiram, entre a semi-penumbra primordial e o momento presente ter-se-á expirado talvez uma hora e meia. É tempo de tornar ao caminho.

24.5.04

O Homem Implicado (1)

Quem é aquele que conduz terror (e, consequentemente, aterrado se conduz)?

*

Reduzidas as palavras a fórmulas, temos que há uma definição - altamente restritiva quanto altamente conveniente - em curso de terrorismo, primariamente inscrita numa visão total e totalizadora do 'real' enquanto terreno da oposição ideal Bem/Mal.

Procure-se porém contabilizar os meios de difusão (media) e a localização relativa dos seus centros de decisão e confronte-se a massificação de seus produtos mentais com as impossibilidades (sublinho@net) mães de possibilidades que talvez, afinal, se nos deparem escancaradas. Se enquanto pensamos em limitações do sistema político, jurídico e económico que acompanha o nosso devir social, questionamos e comunicamos, empreendem-se relações de sentido dificilmente apreensíveis pelos múltiplos mecanismos de controlo inerentes à supracitada moldura.

Muito longe de cair nessa outra clássica dicotomia indivíduo/sociedade, tão cara a certas fundações intelectuais, trata-se de sublinhar o universo de significações de que se dispõe na medida das portas abertas pela – incontornável como estas linhas dispensa-me de outros exemplos- globalização de modelos e abordagens mágicas e tecnológicas. Sabeis com certeza o que pretendo dizer bradando:

Coitadinhos?

O que quer que se afirme, tudo menos coitadinhos, Não-Nós e Nós
Laden dos Santos Zé Eduardo Fidel
Ou norte-coreano embaixador a cartel
Zapatero Duce Presidências de fel
Consta que é de sangue o principal papel.

Tão só recusar as leituras simplistas que encobrem o Sol enquanto se puder dizer que este quando nasce é para todos. ‘O Fim da História’ ou o ‘Choque de Civilizações’ são sem dúvida bons títulos para a volatilidade orquestrada de montras e escaparates vários, mas considerar nominalmente a falência/emergência do 'ismo' à mão de semear - sempre um esquema pródigo em alimentar-se de contradições - como indiciadora de uma ‘crise de valores’ (o que quer que isto seja) e por aí ficar não é senão um outro eco nasalado desse hegemónico ridículo que fere tímpanos indiscriminadamente.

A vida, felizmente, não é e se não sente a preto e branco.

Seria bom que os pregadores do costume usassem, por exemplo, o seu consumo à decidida semelhança da sua prosa e em consonância com ela. Comércio justo é um bom começo. E o mundo, claro, uma ONG.

*

Terrorismo é o que inspira a e é inspirado pela emoção terror num ciclo autofágico identificado e reconhecido nas sociedades humanas. Há-o português, iraquiano, americano ou chinês, maori, zande, ndembu ou zafimaniry: onde quer que seja, dói.

Estendamos as teias da sua abominação até ao limite de nós próprios, de nosso juízo, de nossos dias. Não rime nosso nome, pois, com aterrorizador.




(1) = 'Real’: oposição ideal. Mães de possibilidades afinal escancaradas, outra clássica dicotomia.
Consta que é de sangue esse hegemónico ridículo…É o que inspira a e é inspirado pela emoção terror.

18.5.04

--------------------Interposição De(*)gosto--------------------


1)

Afundado num banco por sinal não dos mais confortáveis, o estratega procura retemperar-se e dá consigo a cismar como o diabo; deverá alguém dizer-lhe alguma coisa, estando o banco situado numa rua de amplo movimento humano? Poderá algum transeunte comunicar com o esfíngico personagem, será a abstracção deste impossibilitadora da própria difusão?
Um movimento frenético – o cisma é ocidental e o grito de ‘OH NÃO OUTRA VEZ’ gela a cidade. Quem é o estratega afinal?


2)
Conto mini conto ponto
Douto de um couto auto de um tonto
Primitivo Ivo Eva Primitivo Ivo Eva Primitivo Ivo Eva Primitivo Ivo Primeva


3)
Não era ou pelo menos não parecia ser apenas outra forma de mortificação.


4)
Gosto de soltar as pontas soltas
Quanto mais soltas soltares soltarás sabê-lo-ás



5) AUTIST.O.K. is Austisticthyostega Order Kaos


6)
Gosto de dizer label
Gosto de me lembrar de o dizer como se de português se tratasse para rimar com a Babel da dispersão linguística e de, contra intrínsecas expectativas, acrescentar-lhe um acento para chegar a sável, prestando enfim tributo ao Padre António Vieira pela elevação dos peixes a veículo metafórico primeiro.


7)
Gosto de achar que quanto mais acho mais perco mais acho mais perco e de me enredar por palavras assim sem rédeas – ao fim e ao cabo, se elas existissem mais uma linha eu cortava-as com uma faca de madeira como a que em minha casa existe para cortar marmelada.


8)
Gosto de muitas coisas, confesso! Gosto nomeadamente de pensar nestes gostares enquanto resposta a um inquérito ‘gosto não gosto um dia uma noite’ como o DNA tem ou teve em tempos e a Grande Reportagem vai tendo na última página: ‘nossa!’, como são engraçados e reveladores!


9)
Ah, chega de tanto gostar de gostar de gostar.


10)
Só mais uma coisa: já reparaste que gostar de gostar de gostar de gostar dá degustar ou pelo menos pode dar?



--------------------Interposição Degosto--------------------

(título, o fim marca o início)

* efectivamente um espaço possível de ser ocupado por um exemplar da letra ésse.


--------------------Interposição De(*)gosto--------------------

(título, o asterisco marca a alteridade)

11.5.04

Up Above the Sea & Coming and Going on Easy Terms

Up Above the Sea

the sun came up
up above the sea
the streaming clouds
tore into my tranquility

out my window
I could see
a bird drop down
on the branches of my apple tree

everyday the bluebird comes down
and stares at me for hours
can’t figure out if he brings me luck
or if he’s trying to tear me down

I bought a rifle
with a bushnell scope
knowing the answer would be
to see if he’s calm or frightful

the sun rose up
over the sea
I staked out and waited
like so many gunmen before me

everyday the bluebird comes down
and stares at me for hours
can’t figure out if he brings me luck
or if he’s trying to tear me down

he saw my gun, he stared
right into my eyes, I fired
his body exploded
and feathers fell all over my lawn



____________-----__

Coming and Going on Easy Terms

window seats on bullet trains
smear land into sky
fear and sorrow coalesce

now I’m trying to find that quiet place
where living is breathing
not knowing is understanding
coming is going
but my heart just beats faster and faster

they asked for me to come
and identify my son
but my son is alive

the life that whispered in my ear
is gone gone gone
window seats, commuter trains
send me headlong

trying to find that quiet place
where living is breathing
not knowing is understanding
coming is going
but my heart just beats faster and faster

they asked for me to come
and identify my son
but my son is alive
in maharishi oblivion

the love that counted back
from ten is gone gone gone
fear and sorrow coalesce

now I’m trying to find that quiet place
where living is breathing
not knowing is understanding
coming is going
but my heart just beats faster

when I got down to the morgue
they pulled back the slab
it wasn’t my son
I wasn’t his dad

they covered him up
I smiled I smiled
the past is cities from a train

now I’m trying to find that quiet place
where living is breathing
not knowing is understanding
coming is going
but my heart just beats faster.


---John Vanderslice (acabado=começado de conhecer e citar, acabado de contactar via mail)---


Cellar Door
(january 20, 2004)

10.5.04

Treze

Regresso a casa após as três primeiras noites do liminar período 'Queima das Fitas' e, retomada a análise envolvente mas longe de formulada, tenho pelo menos 2 dias (simbólica e precisamente aqueles que a faculdade oferece em prol das circunstâncias queimais) para recuperar algum do algum trabalho em curso.

Naturalmente sem sono, decido ver um filme - talvez já não visse um há um par de semanas (quando é que começa a ser alarmante?) - e eis que "Thirteen" me apresenta a notável representação de um certo espectáculo emocional americano, a tragédia da "inocência perdida" nos transviados caminhos dos transviados consumos. A leitura apresentada, claro, é oca, centrada que está nas superfícies dos referidos consumos. A performance, porém, é irrepreensível e incrível sempre é assistir a tão incorporadas personificações. São pessoas, enfim, mas enquanto personagens-tipo-personagens-tipo.

E o que seria a 'Queima das Fitas' conimbricense variante guião...Entusiasmado, cavalgando a crista de uma onda de analogias, concebo um grande plano composto por treze recortes animados, treze figuras perdidas e encontradas: mãos à obra!

1.5.04

Zdzislaw Beksinki

Ás tantas, um dos utilizadores do "ind!ous indie life" - 'canal' do Direct Connect (programa peer-to-peer, partilha e veiculação de conteúdos) que tenho frequentado no último mês aos fins-de-semana - cuja lista de ficheiros espreitei ontem à noite tinha uma pasta intitulada arte e um nome nunca antes por mim visto. Vejo duas imagens, à cautela, não vá o diabo tecer um leque muito mau de representações e...encantado, porém!


Descubro Zdzislaw Beksinki e de sua página oficial afirmo ser ela própria produtora de encantamento (http://www.beksinski.pl )...

Eis, nos meus termos, O chão que Ele pisa:



tytuł: TN
rok: 1985
technika: olej na płycie pilśniowej
wymiary: 98,5 x 132 cm
kod obrazu: DG-011

Perdido na fonte de ser e saber não ter passado de um trono - o imponente e desarmante palheiro



Perdido na fonte de ser e saber não ter passado

De Aquiles o calcanhar que me impede de lançar-me além
O limbo limiar fronteira a noção de bem
Sabê-la não sabê-la connosco e com ninguém
Sussurro de poder já que não tem
Não há
Três vezes pah
Oh meu / Camarada colega amigo o que quer que diga ou possa dizer:

Será Barrabás
Quem de ora jaz

- Finalmente -

O repouso atestado de sanidade
A-parecer sendo consciente em verdade.

Sem escoras
Nada posso ser
Guess what?

Brandão, Raul
Quem disse paul
Que me enlouqueceu
Do dia o bréu a continência
Afinal suposta inclemência
Composta (mil carros de paciência)
Da antiga
(Reclamo a estúpida e pobre cantiga)..

Carreiro Aceiro Aceso Braseiro
Um dia - tantas cores - porque há-de ser foleiro
Um grito entre pares porque torna estrangeiro
Quem toca o absurdo e o diz é mensageiro
De um trono - o imponente e desarmante palheiro.

18.4.04

Semiramis

Ontem - hoje de madrugada - decidi consultar um blog dos recomendados na página de entrada do Blogger e eis-me exposto a Light in dark places, sui generis iniciativa cristã incidente sobre a grande arena da política internacional a partir de algures da Nova Zelândia..A propósito do que por lá se diz, sistematicamente enquadrado por uma ou outra citação bíblica, lembrei-me do quão detesto a Lei de Talião e deu-me vontade de o dizer..Porém, desconhecendo a designação inglesa, acabo pesquisando no Google páginas portuguesas que a refiram (a lei de Talião, claro, não a designação inglesa) e chego então a Semiramis, cuja descrição assenta na Irreflexão política, social e económica.

Muito interessante, devo dizer. Há já algum tempo que não me cruzava com um sítio nacional promotor de (ir)reflexões sócio-económico-políticas..

Uma - ou algo mais que isso - hora depois, comento o artigo da Joana, datado de 7 de Abril e intitulado Crise da Democracia ou Crise da Velha Europa?..

De facto, sejamos tudo menos coitadinhos: já não há paciência para as crises a todo o momento conformes aos aclamados especialistas que se passeiam por aí de braço dado com as estruturas que insistem em ver em toda a parte.

12.4.04

A Cadência

Bom, reconheço uma clara proposta de flagelação denominada escrita como prolongar de uma circunstância (contextualmente determinada determinação) corporal (ao nível do suporte material, portanto), insufladora de um inflamado - o flagelo insuflado é pois do tipo inflamável - comentário ao anterior post. Incrível, portanto, o domínio deste quase-simétrico obituário e do que nele se cruza.

(música sem som) a cadência

I

Vida própria, proclama entusiasmado
O aprendiz de feiticeiro:
Quem te ensina ensimesmado
E te mostra que no cheiro
Universos não reduzem
As moedas sob rostos de anarquia
(É tão difícil como fácil quando a letra soprepõe o que tu tens enquanto dia)?

__--__--__--__--__--__--__ II

De uma chaga feita dor
Por uma trilha sem calor
Um instantâneo por favor
Passeio desgraça e devaneio
Não-criado não-gerado não-complexificado
Unidade feita avo
Uma flor chamada cravo na lapela
Uma vida dedicada a uma ela uma vida

__--__--__--__--__--__--____--__--__--__--__--__--__ III


Lembrança Canção
Embrulho a Estação
Comboio ou Natureza
Conjunto tal Pureza

__--__--__--__--__--__--____--__--__--__--__--__--____--__--__--__--__--__--__ IV


Existe e adquire quantas formas souber
E dá-se a conhecer por a estares a ler
Se é fonte é mar - devir - lugar - é ser
Semelhança e virtude intuída a chover...


8.4.04

IL N'Y A QU'UNE METAPHYSIQUE

O enorme (enormemente lancinante) vazio ao retomar-me nestas linhas é também um gigante de actualidade, na medida em que inscrições passadas aguardam entrada (na medida de tudo o que é demonstrado e do que fica por demonstrar no processo, claro)..

Espero que, num par de dias, esta nota que irrompe de um silêncio - o tal vazio - que para já assenta nessas outras comunicações (basicamente, desde que os gatos miaram incessantemente, apenas um 'post-it' de 'Biologia Evolutiva' se dignou a pontuar este blog) seja acompanhada por um acréscimo decidido de expressões passadas tornadas Presente.


Afinal, ainda é cedo para desesperar.






Título e imagem decorrem de http://www.yahia.com/alfera/pgs/lvrgita6.html e aí constituem a última de seis páginas dedicadas ao Bhagavad Gîtâ, no âmbito de um projecto geral intitulado "D'UNE PEINTURE SYMBOLIQUE CONTEMPORAINE".

...Tudo isto em virtude de uma pesquisa de imagens de "Ascese" no Google restringida aos primeiríssimos resultados.... Buscando e encontrando uma paisagem (o objectivo, para a produção de um pequeno comentário:Escola), ao terceiro clique o desvio fundamental [para aqui estar] e aqui estou,


Un moine d' Occident

22.3.04

Apontamentos

Destraça a perna, destraça a mente (o que te diz a estrutura do cérebro, desata alguns cordões) e valha-nos Santa Armanda que não tenho sorte nenhuma.
Parti para pegando no telefone (som comunicado, possibilidade da primazia da voz) e encontrei (acabando ouvindo) outras questões - (de)lapidar significados o que te oferece dizer? – um ponto sem retorno.

Ainda haverá diagnósticos a referenciar multi-personalidades pelo mundo fora?

A transcendência da interrogação tem a simplicidade do complexo que, 360º depois, é tão cristalino ao entendimento do sujeito como em si próprio.

Facto – telefonema; as revelações duma generalizada incapacidade de verbalizar intuições previamente escritas; a denúncia no que não é dito, na expressão da não-expressão…

Onde? Não..Como?
Ah, mais ou menos, ãã, bem.
ÃÃ
Sabes, ás vezes, quase sempre, não é claro, não são claras as palavras vertidas..


(Quando se pode falar em clareza? Previsibilidade? A naturalíssima polissemia, ninguém disse que seria fácil - as a matter a fact, it’s not supposed to be)……………………………………………………………………………………………………………………………………

20.3.04

Post It

Survival is only a mean to achieve reproductive success. If death will bring the individual greater reproductive success than survival, then death will evolve.

16.2.04

Os gatos miando incessantemente

Assisto a mais um despertar impaciente qual parto incipiente que afasta como aproxima, totalmente
Totalizante, (:)


--------------


Lembrando-me do programa da Aveiro FM "Quatro Luas" [uma descoberta do Verão passado numa deambulação pela rádio que terei repetido, neste já longo intervalo temporal, duas ou três vezes] (Domingos e Quartas, 22-24h), um fragmento da mega retrospectiva dos


Siouxsie & the Banshees é-me dado a ouvir..

..Seguido de algumas marchas italianas dos anos 20 e 30..



--------------


Sistema de Equações


Objectividade, dir-me-ão, precisa-se.

Que objectividade, porém, questiono.

Compreensão, contraponho.



*


Os gatos miam incessantemente e a sua voz, os seus diálogos, são também o título de meu comunicado Domingo caseiro, que começa por desenhar um despertar e logo é pontuado por ess'outras vozes de um redescoberto espectro radiofónico.


*


Os gatos miando incessantemente a eterna novidade do mundo*







Soa a blasfémia?










* (a fotografia que te é dada a ver é instrumento de consonância ou dissonância?)

3.2.04

In Aménas: A acácia dourada



Há pouco, na 2:, a viagem de Michael Palin pelo Sara mostrou-me esta belíssima imagem, uma fronteira entre dois estados que é uma árvore sob a qual é costume pessoas dos dois lados sentarem-se para beber chá e conversar...

Entre a Argélia e a Líbia, um monumento de paz e harmonia

(tão cedo não contava escrever estas palavras, abandonado à demanda do pragmatismo como ferido exemplo de ser avaliado por reflectir por escrito - a notícia de um miserável resultado que iniciou meu dia entardecido e a energização que se lhe seguiu [incapaz de me concentrar na leitura em curso rumo ao próximo exame - "Os Não-Lugares" de Marc Augé para Antrologia do Espaço I - aspirei o meu quarto e fui saltar à corda para o quintal, quebrando liminarmente uma série de normas que não vou para já enumerar] não levariam ninguém a crer que, ora, logo hoje, tornaria a formular a sublime associação de vocábulos em causa)

recorda-me o Insondável que sonda a cada segundo.
Numa terra tão distante, um beijinho do tamanho do Mundo.*








* a afirmação, enfim, do sagrado acrónimo V.I.T.R.I.O.L., selada quando abertos os corações dos seres.

Três Noites, Três Filmes (sob o signo da alucinação)




Sábado, 31.01.04 : Mononoke Hime (A Princesa Mononoke)* (DVD)



A oposição (entre Natureza e Homem) feita união (na grandeza do Amor) numa imensa e imensamente bela alegoria.
O apelo do Sul...


______________________

Domingo, 01.02.04 : Best (Best - A Queda De Um Mito)** (Rtp1)



George Best, o futebolista prodígio do Manchester United ("...from Belfast, to fame, to dissipation")... e - delicioso enquadramento no confronto com os red devils - a glória do Sport Lisboa e Benfica de Eusébio, Coluna et al...

______________________


Segunda, 02.02.04 : Sen to Chihiro no Kamikakushi (A Viagem de Chihiro) (DVD)***



Qual Alice no País das Maravilhas...Sublime.

Na imagem em questão, um pão com um feitiço de força - um pão para chorar.




* = dos espíritos da floresta; Japão, 1997, Hayao Miyazaki

** Reino Unido, 2000, Mary Mcguckian

*** Japão, 2001, Hayao Miyazaki

2.2.04

[Caderninho (lembrar de especificar na medida da sua primeira página escrita ter sido a última e não por mim; a especificar na medida em que este conjunto de páginas originalmente em branco é um veículo, um fio condutor, uma existência (um sentido) autónoma(o) encontrada, um microcosmos que desafia a caótica reflexão do sujeito) - Coimbra, 3ª semana de Janeiro]

*

Sol, Dia

Ainda (ou sobretudo) que agastado
Desgastado por deletérias mutações
Fustigado por sequências mil obscuras
Estações
Um farrapo disputa pelas velhices (o farrapo que contém o sentido da vida é velho, venerando) uma após outra luta, combate (a filha da puta verdade é só um fiapo de ilusão):;

_________________________________

Glória aos trapos incensados, aclamados
Paz ao farrapo narrado, esfarrapado
_________________________________

O farrapo não é um trapo
E nada há a lamentar
A sombra não é um buraco
Do qual deseje escapar.

_________________________*_______________________

Lua, Noite

Centrípeto poder atrito ter
A concomitância é a bela fragância
Da terra da abundância.

Parece pouco, incompleto, mosca com uma só asa, o handicap de um insecto filmado
A comoção da gente revista pela pena demente de um pato presente no sapato das entrelinhas de volta da luz,
O paradoxo libertado numa cruz.

Parece o que é.
Chegou o sono, penhorou-se o sentido.


ATENÇÃO : ALIENAÇÃO


21.1.04

2 de Dezembro de 2003, 3:57:31 (formalizado, guardado como doc nesse momento, embora presentemente o Word me diga que foi modificado neste - o tal - momento cuja enunciação precede a abertura deste parêntesis e, agora, aquando da sua chegada ao espaço net, dele fale enquanto acedido);

Esta - 12:31:48 PM - é também uma hora estapafúrdia (5)**, hora da comprovação de si enquanto intemporalidade conceptual


.......



Chegámos numa *hora estapafúrdia.

As luzes, habitual presença, habitual indicação de momentos concretos de dor em perspectiva, estavam dissimuladas sob um véu de ingenuidade primário.

De facto, a última passa tinha-me deixado num estado tal que a ligação entre meu olhar e a imagem daquela entrada, aquela casa que tanto me oferecera enquanto acreditei poder ser a dor uma via de realização, estava enevoada (viver uma lancinante introspecção e olhar pragmaticamente para fora de mim são concretizações difíceis de compatibilizar, opostas - porque assim sentidas - dimensões de concretização).

Agora, enfim, que negava a sublimação como possibilidade de existência, deparava-me com as névoas da minha própria visão.

…Penso melhor e reconheço ser o véu a crença e as luzes, habituais enquanto arquetípicas, emanações da substância.

Acreditar no Amor [aglutinar definições que passaram (had passed away) na Páscoa] e a elementar invocação … como um planetário…”parece mesmo que estou a ver o céu, tão claramente…tão claramente como o não vejo quando meu desnudado olho o contempla inocente e naturalmente”… Acreditar na naturalidade de uma elaboração – idealização, substituindo o seu questionamento pel’a sua elevação a paradigma…

Para o diabo Kuhn e os paradigmas pelos paradigmas!

Para o Inferno Freud e a sublimação!

Que o infortúnio e a desgraça persigam seus sequazes*.


.......


**Ao som de Sigur Rós, (), faixa 5

20.1.04

Procura lembrar-te, é importante...Tens visto a Lua em ti?

13.1.04

Agastado, procuras-te concentrar, mas a prosa é iniciada com uma – esta – referência equivocada, universalmente tida como conscientemente concebida (a mentira);:

Cada dia é medida de crescimento da dialéctica conceptual , e.g. um dia, um alqueire de normas dissecadas..

Latência e permanência
Capacidade de previsão
Antevisão longa-metragem

Má-circulação

Ninguém é perfeito, repensa o sujeito

Mutante destino, residência fixa de olhos cerrados

Certo

Temos irmãos mais velhos que não conhecemos, de uma velhice que não é idade nem ideia mas estado, memória de um cárcere e intuição, na efemeridade de uma expressão a infinitude de um sentido.


Chão…
…Transposição
Criatividade…
…Inovação
Integração…
…’’’O fascínio dos imortais’’’ (nota-se muito a ironia cinematográfica?)
Técnica…
…Inverdade
Outono chegado…
…E o bife mal passado (expressão de uma ideia através de uma sucessão contrária…Algo de novo debaixo do sol? Apologia velada de uma dieta equilibrada – do Outono de ti esperava-se a maturidade da tolerância e a constância do bom senso)
Ingestão,,,
,,,Devir em aquosa solução
Reflexão,,,
,,,Alucinação
Chegada,,,
,,,Partida
0K (Kelvin)-Fusão-Ebulição



Lista ‘I don’t see the point’ (vide o que aconteceu ao bife entretanto…para onde foi a carne?)

Relevo zero e a alva planície em mim

Troposfera e um exaurido modelo (não completou a deslocação, vulgo desintegrou-se…Lembras-te, a integração…)


******* (Ovos Estrelados?)





12.1.04

Impõe-se uma viagem, insinua-se um trilho
Com a maior desfaçatez tomado como natural
e
Há como que uma ampulheta sobre mim
Não a vejo, mas sinto os grãos de areia esvaindo-se constantemente...

{Dás por ti a pensá-la como imponente rocha desafiando incontáveis vidas de homens e não percebes que a história da tua finitude não é capítulo único}

...Numa terceira pessoa legitimada a pergunta (o que quer que seja, assume-o, chega de bastardias);*





Terás ensandecido?




* eis que um ponto e uma vírgula pretendem representar um olho e uma lágrima de reflexão














()()()()()()() latente em 7 ovos o prosseguir da incerteza